VIVER...

A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO QUE NÃO PERMITE ENSAIOS. POR ISSO, CANTE, CHORE, DANCE, RIA E VIVA INTENSAMENTE, ANTES QUE A CORTINA SE FECHE E A PEÇA TERMINE SEM APLAUSOS...

CHARLES CHAPLIM

08 fevereiro 2011

VENTOS DE OUTONO...

Comparo o passado como às folhas do outono, belas, cheias de nostalgia, mas vividas. Tiveram seu tempo de frescor, encanto, mas soltaram-se e foram levadas pelo vento. Como é bom a época de namoro. Tempo quando sentimos que somos importantes. O outro se preocupa, telefona, faz carinho, diz coisas ridiculamente lindas ao nosso ouvido, bobas para alguns, mas para nos que ouvimos as palavras mais doces,  faz surpresas, dá a mão e beijos intermináveis.
Todos nós tivemos um passado. E cada qual gosta de guardar o seu, principalmente aquele ou aqueles que marcaram a vida, deixaram cicatrizes na alma e para o qual olhamos de vez em quando com ternura e algumas com dor...
A longa convivência vai apagando aos poucos o essencial de um relacionamento. Acostuma-se tanto ao outro que certas coisas perdem o sentido, até mesmo os gestos mais simples, um bom dia, boa noite com um beijo ou um abraço de quem fala, logo estarei de volta.
O que não gostamos mesmo é de saber que a pessoa que amamos Esquece-se do abraço bem apertado que diz tanto sem dizer nada, esquece-se de datas importantes e comuns aos dois. Esquece-se de andar lado a lado. Esquece que teve um passado amoroso.
Como é difícil imaginar que os lábios que nos juraram amor fizeram outras juras, que os braços que nos enlaçam guardaram outro corpo dentro de si, que os carinhos e batidas do coração tiveram como objetivo outra pessoa... 
Houve Culpa?  De quem? Dos dois.
Quando há um problema entre um casal a culpa é fatalmente dos dois lados. Uma coisa conduz a outra. E muitos casais por medo ou covardia seguem assim.
Juntos, apesar de tudo, cada um do seu lado sofre interiormente de solidão. Cada um sonha, secretamente, com emoções esquecidas, com grandes paixões. E ninguém pensa em reacender a brasa. Ninguém pensa em reconquistar o que se tem, justamente porque se tem. Mas sendo há tanto que pode ser feito!
Vejo casais que nunca imaginei que poderia ver separados, e hoje estão, e alguns que imaginava isso nunca vai dar certo, e estão vivendo anos juntos, fazendo bodas de prata e correndo em busca da felicidade e unidos.
Ai!... Como se desprender da ideia de que não somos únicos no mundo? Como aceitar que existam sombras que acompanham e acompanharão para sempre essa outra parte que de forma egoísta e bela julgamos nossa, só nossa?!
Queríamos que os carinhos que são a nós fossem só nossos, que pelo menos para a pessoa amada a palavra "única" tenha nosso rosto.
Mas as folhas do outono vêm de diversas árvores e quando olhamos para trás, vemos que temos também nossa sombra, que nos acompanha com fidelidade.
Achamos que isso é menos importante, porque a dor no peito do outro não nos incomoda tanto, porque nos cegamos ao que ele pode sentir e ressentir. Na verdade nem importamos, pensamos que não seja igual a nossa dor.
Porém nossas almas são sensivelmente iguais e é só ter um pouco de atenção para saber o que se passa em outro coração.
Nos entendendo, entendemos a outra parte. Amadurecemos para o presente e para o futuro que virá e com os frutos que virão, mesmo se outras folhas cobriram nosso caminho lá atrás.
Amar é também aceitar o outro com todas as suas marcas, suas cargas, suas sombras, suas raízes e cicatrizes que o tempo fizeram... E ainda assim acima de tudo seguir em frente!
Muitas coisas podem ficar esquecidas, apagadas, lançadas ao vento do outono.
 Mas o amor, ele mesmo, nunca se esquece!



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